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14 ENTREVISTA COM ESPECIALISTA
Inflação alta, taxa de juros em elevação,
queda da renda e aumento do endividamento
das famílias. O país vive uma conjunção de
fatores que, somados a tensões da corrida
eleitoral e a um conflituoso cenário interna-
cional, reduzem as chances de retomada da
atividade econômica em 2022. Em entrevista
à Revista do SINFAC-SP, a economista da
Confederação Nacional do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo (CNC), Izis Ferreira, fala
sobre as perspectivas para 2022 e chama
atenção para as vantagens do fomento
comercial num cenário de crédito escasso.
Revista do SINFAC-SP
Qual a expectativa para o setor de
comércio e serviços em 2022?
Izis Ferreira – Até o final do 3º trimestre do
ano passado, tínhamos expectativa favorável
de retomada do volume de vendas no varejo e
das atividades em geral, ainda que fosse um
desempenho mais concentrado em alguns
segmentos. Mas, a partir do último trimes-
tre de 2021, tivemos um acirramento das
condições determinantes do consumo, que
são crédito e renda. A persistência inflacioná-
ria levou à alta dos juros. Ao mesmo tempo,
o mercado de trabalho formal, embora
apresente alguma geração de vaga, está
muito concentrado em poucas atividades e
com salários mais baixos, que não chegam
sequer a recompor as perdas inflacionárias.
Portanto, pela ótica dos determinantes do
consumo, o cenário para o varejo piorou.
Para se ter uma ideia, no final do ano pas-
sado, esperávamos que o volume de vendas
no varejo ampliado em 2022 crescesse
0,9%. Com o último dado sobre o volume de
AS PERSPECTIVAS PARA vendas de janeiro, já revisamos para baixo
essa expectativa, para 0,5%. Para piorar, a
quantidade de produtos que está sofrendo
COMÉRCIO E SERVIÇOS com os preços altos é cada vez maior. O
índice de difusão está perto de 75%, ou seja,
75% dos produtos que são consumidos pelas
famílias estão apresentando altas nos pre-
Economista da CNC alerta para variáveis que influenciarão ços. Estamos num ano de muitas incertezas,
a atividade econômica neste ano e fala sobre como o mercado como as eleições, e elas já estão influencian-
do o desempenho das vendas e vão seguir
de crédito deve reagir influenciando ao longo de todo do ano.
REVISTA DO SINFAC / SÃO PAULO